Vietnam: a estrela da Indochina

Vietnam: a estrela da Indochina

Há imagens e preconceitos que os filmes e a comunicação social nos colocam na memória e que influenciam a forma como imaginamos um determinado local. A desconstrução dos mitos que criamos nem sempre é fácil.

Quando chegámos à cidade de Hanói, capital do Vietnam, não tínhamos qualquer itinerário pensado para as quatro semanas que iríamos ficar no país. E assim partimos à descoberta.

Hanói

Os dias cinzentos e chuvosos roubaram certamente alguma da beleza desta cidade que nos pareceu caótica, desordenada e suja. Aqui visitámos o Templo da Literatura, onde aprendemos mais sobre o Confucionismo, e a Pagoda de Um Pilar que fica mesmo ao lado do Mausoléu de Ho Chi Minh onde é possível prestar homenagem ao corpo embalsamado deste estadista cujo nome significa “aquele que ilumina” (no entanto não conseguimos visitar pois só abre durante as manhãs). Levámos também as crianças a assistir ao icónico espetáculo das Marionetas na Água, uma arte milenar que nos introduziu à cultura vietnamita, crenças e cenas do quotidiano.

The kids on a rainy day at the Temple of Literature (Hanoi)

Ha Long Bay, Cat Bat Island & Lan Ha Bay

Ha Long Bay, que significa “dragão descendente”(diz a lenda que este foi enviado para ajudar os povos vietnamitas a defenderem-se contra invasores) é o cartaz de visita do turismo no Vietnam. Considerada Património da Humanidade pela UNESCO, esta baía é composta por mais de 1600 ilhas e penhascos de calcário verdejantes. Apesar das nossas restrições orçamentais decidimos fazer um dos famosos cruzeiros. Num tiro de sorte conseguimos um preço fantástico para um passeio de 2 dias/1 noite a bordo do Bhaya Cruise Classic 3. Foi uma experiência fantástica!

Com vontade de explorar mais estas baías partimos de ferry para a ilha de Cat Ba. A ilha está agora a começar a abrir-se ao turismo pelo que proliferam as construções. A encosta lindíssima oculta 3 praias que foram privatizadas pelas grandes cadeias hoteleiras.

Along the coast of Cat Ba

A partir de Cat Ba é possível explorar em pequenos barcos a baía de Lan Ha que habitualmente não faz parte dos roteiros dos cruzeiros (ou só está incluída nos mais dispendiosos) que partem de Ha Long .

A baía de Lan Ha consegue ser ainda mais bonita que a de Ha Long. As aldeias piscatórias flutuantes. As ilhas de areia branca. E claro, o passeio de Kayak por baixo de penhascos de calcário e reentrâncias secretas que conduziam a pequenas baías onde a natureza parecia intocada. Foi certamente um dos melhores que já alguma vez fizemos.

Floating village
Monkey Island
Inês kayaking at Lan Ha Bay

Tam Coc

A viagem de autocarro até Tam Coc ajudou bastante à nossa decisão de evitar futuramente este meio de transporte no Vietnam. Pouco tínhamos ouvido falar deste lugar antes de aqui chegarmos. A pequena vila é calma e charmosa. Abundam restaurantes e pensões familiares. As bicicletas circulam tranquilamente ao longo dos campos de arroz e por entre o gado. O rio corre alegremente pontuado de barcos que passeiam os turistas.

Os pontos altos da nossa estadia em Tam Coc foram o passeio de barco pelas grutas de Trang An e a visita às Mua Caves. Percorrer o interior dos fabulosos penhascos de calcário é algo absolutamente incrível. E a vista do topo das mais de 500 escadas das Mua Caves é de cortar a respiração (principalmente depois da subida!)

View from the top of the Mua Caves

Hue

Hue é uma cidade que cresceu em redor das muralhas do palácio da Cidade Imperial classificada pela UNESCO como Património da Humanidade. Sendo um dos pontos de visita obrigatório, não podíamos deixar de explorar esta pérola que nos proporcionou fantásticos momentos de aprendizagem.

Hue Imperial City

Da Nang & Hoi An

Foi uma aventura chegar até Da Nang. Onze longas horas de comboio durante a noite numa cabine com beliches triplos. As crianças adoraram e dizem que até dormiram bem. Os adultos não podem dizer o mesmo.

Destino de férias para muitos asiáticos, esta cidade na orla costeira do Mar da China Meridional, cresceu impulsionada pelo turismo. Não é por isso de espantar que aqui se encontrem dois fabulosos parques temáticos: o Sun World Danang Wonders, onde a roda gigante com vista sobre toda a cidade é a principal atração, e o Sun World Ba Na Hills ,cujo teleférico (detentor de vários recordes do Guiness) nos eleva ao longo de mais de 5Km até à incrível Golden Bridge (Ponte Dourada – “Mãos de Deus”)

Sun World Da Nang Wonders
The kids at the Golden Bridge – Ba Na Hills

A cerca de 30Km de Da Nang fica a mágica cidade de Hoi An. Conhecida pelas suas lanternas que descem o rio iluminando a noite escura, esta cidade antiga encanta pelos seus sons crepitantes, padrões multicolores e atmosfera calma e inebriante.

Boats & lanterns – Hoi An

Aqui aprendemos a fazer as famosas lanternas e pudemos levar na mala um pouco desta magia. A “Senhora das Lanternas” é excepcional!

Making a lantern @ Lady Lantern Workshop

Ho Chi Minh (Saigão)

Apesar do novo nome, para os vietnamitas esta cidade continua a chamar-se Saigão. Com cerca de 8,5 milhões de motas em circulação, nas suas artérias corre o sangue do caos urbano. Atravessar as ruas é um verdadeiro desafio e as buzinas ecoam num som estridente e incessante. Optámos por ficar alojados na periferia da cidade, o que nem por isso nos garantiu um sono descansado devido às novas construções que emergem um pouco por todo o lado.

Vietnam’s highest building – view from Saigon’s river ferry boat

A partir de Saigão é possível visitar os famosos túneis de Cu Chi, usados pelos Vietcongs para combater as forças americanas durante a guerra. Fomos aos de Ben Duoc. É inimaginável pensar que ali viviam famílias inteiras, com ar rarefeito em condições desumanas. Com uma estrutura de 3 níveis de profundidade, compreendiam zonas chamadas de bunker com uma configuração triangular e escapatórias com ligação aos lençóis de água. Estes subterrâneos levam-nos numa viagem a um passado não muito distante que marcou para sempre a história deste país.

Exploring the Cu Chi tunnels

O rio Mekong é um importante recurso para milhões de pessoas na Ásia e é famoso pelo seu delta. Fomos conhecer algumas das ilhotas que compõem um dos mais famosos deltas do mundo. O Vietnam tem quatro animais sagrados: o dragão (poder), o unicórnio (o intelecto), a tartaruga (longevidade) e a fénix (nobreza), sendo estes os nomes das principais ilhas da região. O turismo é intenso mas as estruturas são rudimentares. As águas correm sujas. A poluição é evidente e escandalosa. O passeio deixou-nos algo perplexos e chocados com a decadência envolvente.

Mekong Delta boat tours

Guardamos recordações maravilhosas deste país que ainda luta para se reerguer das cinzas da colonização e da guerra. Contudo, sentimos que ainda há um longo caminho a percorrer no sentido do respeito pelo estrangeiro. Aprendemos a defender-nos das “armadilhas turísticas” e de vários “esquemas” que existem para sacar dinheiro ao turista. Existe neste povo um ressentimento que se esforçam por esconder mas que aflora neste tipo de comportamentos.

Foi um adeus agridoce.

I can’t go back to yesterday because I was a different person then.

Lewis Carrol

Worldschooling: o mundo é a nossa Escola

Pedro loves maps! (Thailand)

Neste ano escolar os nossos filhos trocaram as mochilas da escola (carregadas de manuais e material escolar que frequentemente excedem o peso máximo que uma criança deveria suportar) e a rotina das manhãs apressadas, quando engoliam o pequeno-almoço e corriam para o carro ainda com o pão na mão e o resto do iogurte na bochecha; por malas de viagem onde pouco mais cabe que algumas peças de roupa e um ou outro livro ou jogo.

Os dias, outrora estruturados e sem um minuto de tédio, entre a escola, o OTL e as atividades extracurriculares, deram lugar a uma montanha-russa de emoções e aventuras onde a escola ficou muitas vezes esquecida. É difícil pensar nas invasões napoleónicas quando estamos a aprender a lutar como um Jedi na Disneyworld em Orlando, a pescar num lago no Canadá ou a caminhar entre Sequoias gigantes em Yosemite

Efetivamente, a vida nómada não se coaduna com a escola tradicional.

Playing with Art, USA

Inicialmente pensámos que seria possível tentar integrar o curriculum das várias disciplinas no nosso dia-a-dia como viajantes, fazendo uso de ferramentas como a Escola Virtual e outras plataformas de apoio escolar, mas a realidade rapidamente se apoderou das nossas boas-intenções.

Durante os primeiros 5 meses viajámos a um ritmo alucinante, ávidos de explorar o mundo. E lentamente se instalou a frustração e a preocupação de não estarmos a conseguir acompanhar as matérias escolares. Contudo, desde o início que acreditamos que as experiências retiradas desta viagem são muito mais enriquecedoras do que qualquer ano letivo numa escola tradicional. 

“Educating the mind without educating the heart is no education at all”

Aristóteles


Enquanto caminhávamos em direção aos glaciares na Nova Zelândia existiam marcos que ilustravam o seu dramático retrocesso e placas informativas que apontavam como causa principal as alterações climáticas provocas pelo homem. Ao longo do percurso iam explicando o que poderíamos fazer para travar estes acontecimentos e o seu potencial efeito devastador. Ver in loco o impacto do aquecimento global foi certamente um momento precioso de aprendizagem. 

De igual forma, observar o fundo do mar de Andaman na Tailândia cheio de plástico e as bermas das ruas tratadas como lixeiras gerou nas nossas crianças uma sensibilidade impressionante para as questões ambientais. Muitas vezes aparecem-nos com bocados de plástico que apanham quando mergulham…” Estava a poluir o mar” – dizem eles. 

Também se tornaram acérrimos defensores dos animais. Para isso contribuiu a nossa visita ao Gibbon Rehabilitation Project e também o facto de terem visto elefantes, que deveriam viver livres na selva, a serem torturados e domesticados para serem montados para divertimento de milhares de turistas. O turismo ético deve ser cada vez mais uma preocupação! 

Quando nos foi possível, apostámos em implementar uma rotina diária de estudo. O facto de termos um espaço só nosso com boa ligação à internet foi a melhor forma de nos aproximarmos da escola tradicional. O nosso objetivo foi sempre explorar a curiosidade natural das crianças e apresentar-lhes a matéria de forma divertida e interligada com a realidade envolvente, mas rapidamente nos rendemos à conveniência da estruturação. A Escola Virtual é efetivamente uma ferramenta excelente e que nos ajudou imenso apesar de seguir um método de ensino tradicional.

Puzzleworld, New Zealand

Ficámos surpreendidos com as nossas crianças. Depois de combinarmos com elas um horário de trabalho para as nossas manhãs, acordavam sozinhas, vestiam-se, preparavam o pequeno-almoço e sentavam-se a estudar…mesmo quando os pais ainda preguiçavam na cama!

O nosso maior desafio foi o nosso filho mais novo que está no 1º ano e deveria aprender a ler e a escrever. Não sei se pelo facto de nunca ter frequentado a escola, para ele foi especialmente difícil ter de se sentar e pegar no lápis. É certo que cada criança tem o seu ritmo e as suas preferências. Este conflito entre os diferentes ritmos, o da escola e o da criança, é talvez um dos aspetos mais difíceis de conciliar, especialmente dentro de uma sala de aula com tantas crianças diferentes. O Ensino Doméstico deveria permitir-nos essa flexibilidade e ir de encontro ao ritmo e preferências da criança. 

Playing LEGO, Thailand

Contudo, a tarefa de pai/mãe-professor(a) é bastante desafiante e foram muitos momentos de enorme frustração (desespero até…). Ter 3 crianças em patamares de ensino tão diferentes a requererem atenção em simultâneo provoca bastante instabilidade. Também em paralelo sentimos a dificuldade de acesso a material complementar para realização de experiências ou manipulação. Até mesmo o simples ato de imprimir algumas fichas pode ser demorado ou impossível.

Mas a verdadeira luta é conseguir convencê-los a largar o Ipad e o telemóvel, onde se refugiam nos jogos e nos filmes, para irem descobrirem o mundo lá fora…

É difícil aceitar que não estamos a progredir como desejávamos, mas sinto que aprendemos muitas lições valiosas ao longo destes meses em que viajámos pelo mundo. Talvez as mais valiosas de todas. 

The kids at Yosemite National Park (Half Dome), USA

“Learning is experience. Everything else is just information.”

Albert Einstein

  

Aotearoa: o país onde o céu encontrou a terra

Aotearoa – “Long White Cloud”

Aotearoa é o nome Maori para Nova Zelândia. Quando os primeiros povos polinésios abandonaram as suas ilhas sobrepopuladas em busca de novos mundos, terão avistado a costa da ilha norte. À distância as nuvens pareciam envolver a terra. Diz a lenda que o chefe da embarcação acreditou ter chegado ao local onde o céu se unia à terra e assim batizou este lugar como Aotearoa – “longa nuvem branca”. O povo Maori encontrou assim a sua nova casa.

Desde o momento em que o nosso avião começou a sobrevoar a Nova Zelândia já os nossos olhos incrédulos se rendiam à sua beleza.

Ilha Sul

O nosso itinerário programado era exigente e compreendia muitos quilómetros de estrada. Aterrámos em Christchurch e aproveitámos o único dia que tínhamos para conhecer esta cidade que em 2011 foi devastada por um terramoto violentíssimo que ceifou 185 vidas (185 White Empty Chairs Memorial).

Christchurch tem um fantástico jardim botânico e ainda uma curiosa catedral feita de cartão. Um edifício supostamente temporário que acabou por se tornar num ícone da cidade.

Tínhamos já lido sobre as magníficas águas turquesas do lago Tekapo e Pukaki, mas nenhuma foto ou descrição nos prepara para aquela visão. É simplesmente inacreditável.

Marta at Lake Tekapo

Seguimos caminho sempre com o Monte Cook (ou Aoraki em Maori) no horizonte. Aquele pico de neve dominante que nos inunda de serenidade. Após uma exigente caminhada pudemos vislumbrar o glaciar Abel Tasman – o maior da Nova Zelândia. Contudo, se tivesse de eleger a melhor vista para o Monte Cook, seria sem dúvida a oferecida a partir do lago Matheson.

The kids at Abel Tasman Glaciar
Lake Matheson

A cidade de Queenstown foi a paragem seguinte. A subida ao topo dos Remarkables para uma visão 360º da cidade e os 23Km de estrada que ligam esta cidade a Glenorchy, envolvidos numa paisagem idílica que nunca cansa de nos surpreender foram os pontos altos.

Overview of Queenstown from the top of the Remarkables

Como um glaciar não é suficiente, não quisemos deixar de visitar os famosos Fox e Franz-Josef. Foram caminhadas extenuantes até chegarmos à face visível, mas completámos orgulhosamente os dois percursos . Foi devastador observar o impacto das alterações climáticas no retrocesso dos glaciares.

Inês at Franz Josef Glaciar

Antes de partirmos para a ilha Norte, visitámos lugares mágicos de cortar a respiração, como as águas sagradas de Te Waikoropupu (onde qualquer contacto é proibido) que são tão límpidas que é possível ver debaixo de água até cerca de 63 metros de profundidade! E as pequenas lagoas esmeralda de Riwaka Resurgence, onde as águas geladas parecem hipnotizar-nos num desejo cego de mergulhar.

Riwaka Resurgence

Mas a magia estava apenas a começar.

A travessia de barco entre Picton e Wellington oferece vistas simplesmente magníficas. Os recortes da terra inundados de verde e refletidos num imenso espelho azul. Alguns pinguins vieram dizer-nos adeus.

Ilha Norte

Wellington não é uma capital habitual. A cidade encolhe-se dentro do relevo montanhoso e das baías. As estradas são estreitas e o ritmo é lento. O Aqui nasceu um dos maiores parceiros da indústria cinematográfica de Hollywood: a Weta Cave. Não fizemos o tour devido ao custo mas visitámos a loja e assistimos gratuitamente ao video que nos leva numa viagem pelos meandros da criação de adereços, caracterização de personagens e efeitos especiais.

O museu Te Papa foi visita obrigatória. Adorámos a exposição temporária Gallipoli: the scale of our war que conta precisamente com trabalhos dos estúdios da Weta.

Gollum & the kids at Weta Cave

A paragem seguinte foi Napier. Esta cidade foi reconstruída das cinzas do terramoto de 1931 num estilo de art déco. Ao explorarmos as ruas da cidade fomos levados numa viagem no tempo.

A caminho de Rotorua parámos em Kerosene Creek, onde riachos de água quente jorram em cascata por entre a vegetação fresca.

Rotorua fez-nos recordar de Yellowstone: os lagos de enxofre, as fumarolas dos géiseres, a lama borbulhante… Rotorua levou-nos também à descoberta da cultura Maori. Aqui visitámos uma aldeia típica – a Tamaki Maori Village. Foi memorável!

Pedro & Dad learning the Haka

Tirámos um dia para ir até Matamata, o local onde Peter Jackson encontrou o cenário ideal para criar a aldeia dos hobbits (em parceria com os estúdios da Weta) para a trilogia do Senhor dos Anéis. Caminhar em Hobbiton é algo de muito especial e inesquecível.

The kids at Hobbiton

Os Glow worms são uma das grandes atrações da Nova Zelândia. Estes bichinhos transportam-nos para outra dimensão. O famoso tour das caves de Waitomo não era compatível com o nosso orçamento pelo que encontrámos uma alternativa gratuita: as caves de Waipu. Os miúdos adoraram a aventura de exploração da gruta escura, por trilhos lamacentos e riachos que nos deixaram com os pés ensopados, estalactites e estalagmites com formas estranhas, até chegarmos à arcada principal onde um lago se estendia aos nossos pés e o teto se cobria de milhares de pontinhos luminosos. Por momentos, sentimos-nos no espaço a olhar para uma galáxia distante.

The kids at the Waipu Caves

Viajámos depois para Auckland para embarcar no voo de despedida deste país que nos roubou um pedaço do coração. Regressaremos novamente um dia para o resgatar.

Australia: na ponta do iceberg

Passaram-se mais de dois meses desde que iniciámos o nosso périplo pela Austrália. Imaginámos que seria tempo suficiente para ficar a conhecer uma boa parte deste vasto território, mas rapidamente a realidade das distâncias nos travou os planos. Tínhamos o sonho de caminhar nas terras vermelhas do Uluru e de mergulhar na Grande Barreira de Corais, mas mesmo depois de fazermos mais de 6000Km, não passámos além de Manning Valley. Queremos contudo partilhar algumas das experiências que tivemos “na ponta deste iceberg”.

Great Ocean Road

Ao longo de 240Km entre Torquay e Warrnambool, serpenteado as encostas, estende-se uma das mais belas estradas da Austrália: a Great Ocean Road. As vistas são de cortar a respiração. O mar trabalha incessantemente, esculpindo formas singulares onde o olhar humano vê padrões e significado. Os “Doze Apóstolos” são uma das paisagens mais fotografadas da Austrália.

Me and the kids overlooking the Twelve Apostles

Esta zona é também conhecida pelas suas florestas húmidas (rainforest) onde pudemos realizar caminhadas numa atmosfera mágica por trilhos desafiantes que nos conduziram a quedas de água magníficas.

Phillip Island

Esta ilha perto de Melbourne oferece experiências inigualáveis. Aqui podemos ver baleias, focas e a mais pequena espécie de pinguins do mundo.

Apesar do nosso orçamento não possibilitar grandes extravagâncias, tendo em conta a oportunidade de conhecer mais de perto estes animais tão únicos, resolvemos assistir à famosa Penguin Parade. Não estavam autorizadas fotos ou video pelo que fica apenas o registo na nossa memória. Ao por-do-sol, protegidos pelo lusco-fusco, milhares de pequenos pinguins saiem do mar de regresso a casa após um longo dia de pescaria. São extremamente cautelosos. Caminham cuidadosamente pelo areal, espreitam (garantindo que não há predadores por perto) e por várias vezes assistimos a uma correria de regresso ao mar para nova tentativa. É um espetáculo magnífico oferecido pela natureza.

Waiting for the Penguins at Phillip Island

The Nobbies: um passeio pela costa oeste da ilha que nos presenteia com mais um cenário fabuloso. Para além da vista deslumbrante, podemos cruzar-nos com a fauna local, nomeadamente alguns dos pequenos pinguins que, para nossa sorte, nesta altura do ano, se mantinham no ninho a aconchegar os ovos.

Shoal Bay

A nossa casa na Austrália: a Jucy, garantiu-nos alojamento económico em vários parques de campismo, nomeadamente da rede Big4 da qual nos fizemos sócios. Contudo, para celebrar o Natal decidimos que queríamos um pouco mais de comodidade; mas estava tudo esgotado ou a preços proibitivos! Graças a uma referência, acabámos por encontrar uma “cottage” em Shoal Bay onde pudemos até fazer a árvore de Natal e confeccionar alguma doçaria típica para a ceia. Porque estes momentos são melhores quando partilhados, na ausência dos nossos entes queridos, convidámos a juntar-se a nós uma família alemã que se encontrava de férias na Austrália.

Shoal Bay faz parte de um conjunto de baías na região de Port Stephens que formam uma espécie de península que compreende ainda Salamander Bay, Nelson Bay, Anna Bay e Fingal Bay. A partir do topo de Tomaree Head é possível vislumbrar todas estas reentrâncias de água, num quadro de azuis e verdes infinitos.

View from the top of Tomaree Head

Sydney

Sydney fez-nos recordar da nossa passagem por Toronto e São Francisco. É uma cidade dinâmica e acolhedora. No entanto, através de um único edifício, esta cidade eleva-se numa singularidade arquitectónica que a redefine. Atravessámos a pé a Harbour Bridge, em passo lento, contemplando a luz do sol refletida no edifício da Ópera, iluminando a baía, o cais, os navios e tudo o mais em seu redor.

Opera House- view from Harbour Bridge

Fizemos o passeio obrigatório de ferry até às praias de Manly e de Bondi. O trilho a pé pela costa entre Bondi e Bronte a vislumbrar o Pacífico é absolutamente magnífico!

Apesar da tempestade que antecedeu, a passagem de ano a assistir ao espetáculo de luz e fogo na Harbour Bridge foi o ponto alto da nossa visita à Austrália.

Sentimos que ficou muito por explorar deste país imenso, de gente que anseia encontrar as suas origens, onde a história se perdeu, e se revive na herança aborígene.

Estrada sem destino – Road to nowhere

Escolhemos embarcar nesta aventura sem nenhuma certeza. Guiados pelo desejo de conhecer o Mundo, mas sem nenhum mapa ou bússola. Abandonámos um caminho seguro e estável para nos voltarmos a conhecer. Sem pressas, sem rotinas impostas, sem a estruturação diária a que habitualmente estamos sujeitos.

Mom & Dad

Resolvemos quebrar o vínculo contratual com a sociedade moderna. Cortámos a ligação umbilical que nos sustentava num casulo. Protegidos, mas reféns, numa servidão voluntária que alimenta a nossa inércia natural com o conforto da certeza.

Certeza de estarmos alinhados, de sermos iguais. Porque a doença maior do ser humano é não aceitar a diferença. A lucidez parece ecoar no mantra da estabilidade.

Uma família sem casa, sem emprego, sem escola e sem destino. Outrora submissos de um sistema social, hipnotizados pelas promessas de felicidade. Agora perdidos no desconhecido.

The kids

Um dia caminhamos por trilhos difíceis como em Yosemite, no outro lavamos as feridas. Adormecemos com frio e acordamos para um fantástico dia numa praia paradisíaca do Hawaii. Vemos paisagens únicas como as de Yellowstone e desesperamos por não encontrarmos um sítio confortável para ficar uns dias. Os miúdos fazem birras porque não querem estudar como nos comprometemos com o plano de Ensino Doméstico, mas logo depois nos surpreendem com um pequeno-almoço preparado por eles.

E continuamos a julgar-nos e a compararmo-nos. Mas também a aprender e a questionar.

De repente sentimos que não somos diferentes. Colecionamos momentos bons e momentos maus. Procuramos estruturar os nossos dias, encontrar rotinas que nos façam funcionar. Não queremos semear ilusões. Viajar é um processo de descoberta como tantos outros.

Somos apenas uma família a viajar.

“Roads were made for journeys not for destinations.”

                                       Confucius

 

 

Yellowstone – Heart of the Earth

Yelowstone. Beauty that inspires awe and power that has no opponent.

This super-volcano is tick-tacking underneath a cape of serenity. The amazing canyons, the river rapids, the waterfalls, the never-ending meadows as well as the breathtaking geysers are all comprised within this gigantic crater that was spotted only from space.

Everywhere marks of previous massive explosions. Events so catastrophic that, to happen again, could end life on Earth as we know it. And the giant can wake up at any moment now. He is breathing in every corner, reminding us of that.

Actually, you can hear him roar. From the “Dragon’s Mouth” echoes a growl right out of the Earth’s guts.

Dragon’s Mouth

Yellowstone is not monochromatic despite what the name may suggest. Actually, I don’t think you’ll ever see within the same eco-system such a wide range of colours, so vibrant, so strong, so unique. Yellowstone’s geysers and hot springs evoke the most amazing impressionist paintings. To climb up the hill and see the Grand Prismatic Spring from the top of a mountain is mind-blowing.

Grand Prysmatic Spring

This giant wants to deceive you into thinking he his predictable. He keeps punching the clock at the Old Faithfull’s cone geyser. No matter what, it is indeed a delightful vision to watch the scheduled eruption.

At Yellowstone you drive through a landscape in constant mutation. At one moment you can be overlooking the Grand Canyon and the river rapids, making a stop to watch a bubbling and smelly Caldron of Sulphur and along the way the angry river will turn into a quiet and gentile water flow where one can swim and fish or grow into an incredible super-lake where fish and other animals survive along-side with deadly geysers. Curiously enough, those dangerous geysers are also thriving life. It’s amazing what you can find in a bath of acid.

Sulphur bath

Yellowstone’s Lake

It’s impossible not to feel the overwhelming power of mother-nature while standing at Yellowstone. The elks, bears, bison, wolfs and other wildlife wander free in the park, crossing our way unbothered.

Bison walking down the road t Yellowstone National Park

This is a place where humans can only pay homage. Nothing can control Yellowstone for it is the heart of the Earth, pumping blood into its veins and keeping us alive. Until the day.

“Nature is not a place to visit. It is home”

                       Gary Snyder

Note of the author: You may want to read this article after mine.

Walt Disney World – o mundo mágico onde a imaginação não conhece limites

Mickey says welcome to Walt Disney World

A Walt Disney World (WDW) é um culto de miúdos e graúdos onde pelo menos uma vez na vida deveríamos ir em peregrinação. Não há palavras suficientes para descrever este lugar mágico e único que nasceu da imaginação de um génio criativo que inspirou gerações e cuja influência continua a alimentar os sonhos daqueles que não acreditam em impossíveis.

A WDW em Orlando tem 4 parques temáticos:

  • Magic Kingdom
  • Animal Kingdom
  • Epcot
  • Hollywood Studios

e dois parques aquáticos:

  • Blizzard Beach
  • Typhoon Lagoon

Contudo, tal como em qualquer história de encantar, existe um vilão. O preço a pagar para entrar nestes mundos de fantasia é bastante elevado. Depois de muita pesquisa optámos por adquirir os bilhetes através do website da WDW do Reino Unido. É preciso pagar em Libras Esterlinas de forma a poder usufruir das promoções especiais que são feitas para este país em particular: http://www.disneyholidays.co.uk/walt-disney-world/ (mais uma vez usámos o nosso cartão da Revolut para evitar custos cambiais)

A WDW criou uma complexa rede de transportes gratuita (barco, comboio – monorail, autocarros, etc.) que servem não só os parques mas também uma série de resorts temáticos. Para quem fica alojado nesta estâncias (que infelizmente não foi o nosso caso devido a restrições orçamentais), garante um acesso privilegiado ao sistema de Fast Pass. Os Fast Pass são limitados e consistem na possibilidade de agendar o acesso a algumas atrações com um tempo mínimo de espera.

Organizar uma visita à Walt Disney World é um enorme desafio. Para conseguir ter alguma tranquilidade recomendo pelo menos 7 dias – 2 dias para o Magic Kingdom e 1 dia para todos os outros.

Existe uma ampla oferta de comes e bebes para todos os bolsos, contudo o nosso objetivo era controlar os gastos, tendo em conta a enorme despesa com os ingressos do parque. Assim, conseguimos durante uma semana levar para os parques nas nossas lancheiras 3 refeições diárias (almoço, lanche e jantar) para 5 pessoas! Sim…é possível 🙂

Cada parque tem a sua magia, mas o Animal Kingdom é a casa do planeta Pandora onde podemos montar num Banshee. Para quem viu o filme Avatar, esta terminologia soa certamente a familiar. O Flight of Passage é, sem sombra de dúvida, uma das melhores experiências que já tivemos. Da primeira vez esperámos mais de duas horas na fila debaixo de um sol abrasador envoltos na deslumbrante paisagem do planeta Pandora. E voltámos para repetir!

PANDORA

Outro dos momentos altos foi o Jedi Training. Os nossos filhos são absolutamente fascinados pelo Star Wars e poder defrontar o temível Darth Vader empunhando um sabre de luz e envergando a túnica Jedi foi um sonho realizado. Ainda puderam assistir a vários shows (como este) envolvendo as suas personagens favoritas como a Ray, Chewbacca, Darth Maul, Kylo Ren, R2-D2 e muitos outros! Seguiram-se sessões de fotos com os vários heróis e anti-heróis. Por todo o lado se cruzavam com Strom Troopers que patrulhavam as ruas… Foi uma viagem incrível ao universo de Star Wars.

Fighting Darth Vader

No Walt Disney World é possível fazer um Safari nas planícies africanas, ver um aquário com tartarugas gigantes e leões marinhos, descer os rápidos de um rio, experimentar uma miríade de montanhas russas (que fizeram as delícias dos nossos pequenos), participar numa missão espacial a Marte (a sensação da força G deixa-nos completamente atordoados), descobrir mundos que pensávamos só existirem em sonhos…

Tudo é pensado até ao mínimo pormenor de forma a transfigurar a nossa realidade. Tornamo-nos realmente parte daqueles cenários que ganharam vida.

Mas a magia não estaria completa sem a possibilidade de conhecermos as personagens que fazem parte do nosso imaginário infantil. O rato que esteve na origem de tudo, as princesas, os heróis e os vilões.

Meet Mickey

Cada parque apresenta ao longo do dia vários shows, mas é à noite que o céu se ilumina com espetáculos de luzes e fogo como no fabuloso Happily Ever After do Magic Kingdom.

“It’s kind of fun to do the impossible”

Walt Disney

 

 

 

 

 

New York City: programa low-cost na Big Apple

New York City: nenhuma visita aos Estados Unidos fica completa sem sentir a claustrofobia hipnótica de Manhattan.

As classes endinheiradas e coquetes vivem lado a lado com comunidades negras e latinas que se refugiam nas zonas periféricas e comutam diariamente para o centro através da complexa rede de metro.

Foi numa dessas comunidades que nos fixámos: no Bronx. Apesar de usualmente associado a uma zona de criminalidade e violência, ao final de uma semana já nos sentíamos integrados. Na minha opinião, o Bronx “primeiro estranha-se e depois entranha-se”. É sem dúvida uma comunidade fechada em si mesma, predominantemente hispânica (pelo que facilmente comunicávamos em espanhol). Começámos a ter o nosso supermercado habitual, a frequentar o mesmo restaurante e até fomos à lavandaria! Nunca sentimos qualquer espécie de insegurança, contudo as ruas sujas e as habitações degradadas são a imagem deste bairro cuja localização privilegiada possibilita chegar ao centro de Manhattan em menos de 20 minutos.

Não é fácil explorar uma cidade como Nova Iorque “on a budget” pois é tudo caríssimo! Apenas andar é gratuito. 🙂 E foi isso que fizemos. Na verdade, esta é a melhor maneira de ficar a conhecer Manhattan.

Aliado a uma boa preparação física, organizar cada dia é essencial para evitar esbanjar uma fortuna.

Assim, estruturámos os nossos dias tendo em conta os dias gratuitos dos locais que queríamos visitar.

Dia 1 – No primeiro dia visitámos o imponente Empire State Building. A vista do topo é certamente magnífica, mas por 170 dólares (2 adultos e 3 crianças) preferimos continuar a caminhar. Há um sítio em particular que é de entrada obrigatória especialmente para famílias com crianças: o Intrepid. Para que não conhece, este porta-aviões da marinha americana (que celebra este ano o seu 75º aniversário) foi transformado no Museu do Mar, do Ar e do Espaço. A bordo pudemos entrar dentro de um submarino, ver o Shuttle Enterprise e até simular a sua aterragem, sentarmo-nos numa réplica de uma cápsula de acoplagem da Estação Espacial Internacional, colocar as mãos no leme do porta-aviões e descobrir como era a vida a bordo dos mais de 3000 homens que ali serviram. No Intrepid é também possível ver um exemplar do Concorde – o fatídico avião supersónico que fez o seu último voo para esta plataforma. Este incontornável museu não tem nenhum dia grátis, mas fizemos uso do desconto de 20% oferecido a todos os sócios do ACP (AAA nos EUA).

The Intrepid & Us

Corremos de seguida para o local onde dantes se encontravam as duas torres gémeas. Atualmente ergue-se o colossal One World Trade Centre. Mede 1776 feet. Este número não é um acaso, é também o ano da declaração de independência dos EUA. Queríamos ver o 9/11 Memorial Museum que é gratuito às terças-feiras entre as 17:00 e as 20:00. Sabíamos que os escassos bilhetes começavam a ser distribuídos às 16:00 mas como a visita ao Intrepid levou mais tempo que o previsto acabámos por perder esta oportunidade.

One World Trade Centre

One World Trade Centre

Dia 2 – O Zoo do Bronx é simplesmente magnífico e gratuito às quartas-feiras (contudo não dá acesso a todas as experiências – mas não sentimos que perdemos nada –  e pedem uma doação voluntária). Não tem o aspeto artificial e arquitetónico do Zoo de Lisboa. Quase sentimos que estamos imersos no habitat natural dos animais. Praticamente não existem jaulas nem grades. Pudemos observar muitas espécies pela primeira vez num ambiente de grande proximidade. A visita ao Zoo ocupou-nos praticamente todo o dia, mas quisemos ainda aproveitar o final de tarde para explorar o New York Botanical Garden ,que também às terças-feiras abre as suas portas com bilhete de oferta para várias zonas do jardim. As crianças adoraram brincar nos carreiros estreitos por entre a vegetação abundante, fazer construções na areia numa formação de lava vulcânica, pintar com água e aprender factos interessantes sobre as plantas.

Painting with water – NYC Botanical Garden

Dia 3 – O terceiro dia da nossa visita a NYC coincidiu com o oitavo aniversário da Marta. Reservámos este dia para apanhar o ferry de Staten Island. Este passeio de barco completamente gratuito em qualquer dia da semana leva-nos ao encontro da altiva senhora de verde que enche de esperança todos os corações: a Estátua da Liberdade. Não podemos desembarcar na Ellis Island, nem visitar o pedestal da estátua. Para os que já se imaginam a subir à coroa, aviso já que habitualmente é necessário reservar bilhete com cerca de seis meses de antecedência. Ficámos-nos pelo deslumbrante encontro à distância.

Statue of Liberty – view from Staten Island Ferry

Seguimos para Chinatown para almoçar. No meu itinerário tinha previsto para esta tarde uma visita à New York City Public Library que também pode ser visitada gratuitamente, mas as minhas crianças preferiram ir à loja da Disney e da M&M’s. Terminámos o dia em Central Park a relaxar.

Dia 4 – Neste último dia precisámos de toda a manhã para organizar o passo seguinte da nossa viagem pelo que acabámos por não aproveitar da melhor forma, no entanto não dissemos adeus sem ir conhecer belíssima beleza arquitectónica da mítica estação de metro Grand Central Terminal.

Depois vimos uma vez mais os nossos planos serem alterados em virtude do cansaço das crianças (que caminharam estoicamente uma média de 14Km por dia). O fabuloso MOMA – Museu of Modern Art tem entrada livre às sextas-feiras entre as 16:00 e as 18:00. Não consegui arrastá-los para mais este périplo, mas fui brindada com a melhor das surpresas ao atravessar a rua e me deparar com uma exposição de Gustav Klimt na Neue Galerie – Museum for German and Austrian Art . O melhor de tudo: gratuito! Fiquei rendida…

Passámos o resto da tarde a explorar outra parte do Central Park. Nada melhor para despedida da cacofonia urbana de Nova Iorque do que olhar para os arranha-céus imersa na tranquilidade do pulmão da cidade.

Central Park

 

 

 

 

Boston: uma cidade histórica

Boston transpira a patriotismo americano. Exalta em cada canto o sangue e suor derramados durante a conquista da independência à coroa britânica.

Hesitámos em visitar pois estava um dia muito chuvoso mas ainda bem que fomos. Boston é realmente uma cidade que vale a pena.

Como tínhamos apenas um dia, optámos por fazer o chamado “Freedom Trail“.

Descobrimos edifícios, cemitérios e memoriais. Os grandes nomes da revolução americana ecoavam em cada esquina. A semente da revolta instigada por Paul Revere e Samuel Adams após o Massacre de Boston, germinou e cresceu. As treze colónias assinariam a sua Declaração de Independência.

Boston’s Massacre Memorial

O Freedom Trail culmina numa visita ao USS Constitution. O orgulho de um país recém-nascido que exibe a sua frota naval, desenvolvida em oposição ao invasor.

USS Constitution

Cada recanto de Boston reflete o seu caráter histórico. Para os entusiastas da memória do passado, é visita obrigatória.

Foi também nesta cidade que fomos pela primeira vez ao Hard Rock Cafe. Entre muitos artefactos, gostámos particularmente de ver o icónico espartilho de soutien cónico que pertenceu a Madonna, a guitarra do Richie Sambora dos Bon Jovi e o célebre fato usado frequentemente por Steven Tyler, vocalista dos Aerosmith.

Richie Sambora’s Guitar

A família que nos acolheu perto de Boston deixou-nos uma recomendação de um website muito interessante para quem gosta de explorar locais menos turísticos, com um cariz invulgar. Aqui fica a dica:  https://www.atlasobscura.com

Couchsurfing in Littleton

Foi uma visita curta, mas suficiente para nos deixar encantados.

 

Couchsurfing no Canadá: viver com os locais

Como pode uma família de 5 pessoas passar duas semanas no Canadá sem ter despesas com alojamento? 

Por muito estranho que possa parecer, é perfeitamente possível para qualquer família minimizar as suas despesas com alojamento em viagem recorrendo ao Couchsurfing.

O nosso projeto não seria viável sem esta comunidade à qual pertencemos há mais de 5 anos.

Durante todos estes anos recebemos em nossa casa pessoas vindas dos quatro cantos do mundo. Com elas partilhámos refeições, passeios, trocámos experiências e referências. Deixaram-nos mais ricos. 🙂

Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.

O Couchsurfing é muito mais que alojamento. É poder viver cada sítio através dos seus habitantes, conhecer os seus esconderijos secretos, descobrir outros paladares, outros costumes… Acabamos por ver e sentir a rotina diária de outros países, o pulsar do coração de cada local. Acumulamos experiências que nunca teríamos num quarto de hotel.

Obviamente que não é fácil acolher 5 pessoas. Tentámos contactar preferencialmente famílias com filhos, habituadas, supostamente, à confusão :). Em cada casa por onde passámos fomos recebidos com todo o carinho e proporcionaram-nos momentos inesquecíveis.

 

Preparing Corn

Para nós o Couchsurfing foi a resposta às nossas necessidades. Todos sabemos como os custos com alojamento representam uma fatia muito significativa do orçamento em viagem, ainda mais numa família numerosa. A maior parte dos hotéis não estão preparados para receber famílias com mais de dois filhos e obrigam à marcação de dois quartos. Estamos por isso a contar com esta poupança para manter os nossos custos controlados.

A parcela das despesas com alimentação vem em primeiro lugar. O Couchsurfing acaba por ajudar também a reduzir estes gastos pois muitos dos nossos hóspedes partilham várias refeições connosco ou providenciam o acesso a uma cozinha equipada. Por nossa vez gostamos de contribuir com algo para cada refeição e, se possível, cozinhar algo para eles.

Couchsurfing & cooking

Outra das situações problemáticas para quem está muito tempo em viagem (particularmente com crianças pequenas) é a a lavagem da roupa. Os nossos anfitriões do Couchsurfing frequentemente disponibilizam a sua lavandaria.

Como qualquer opção, não é isenta de aspetos negativos. Há sempre algum risco associado já que nunca sabemos bem em que condições iremos pernoitar. Até agora não temos nada de especialmente significativo a apontar e acho sinceramente que o balanço é muitíssimo positivo.

Graças ao Couchsurfing, o nosso saldo no Canadá ficou dentro do previsto.

Os nossos gastos diários em média para os 13 dias no Canadá incluindo alimentação, bilhete de avião, aluguer automóvel, vacinas, seguro saúde e seguro automóvel, Skyroam, entre outras despesas relacionadas com a preparação da viagem (que estamos a amortizar na duração total estimada) saldou-se em 205€/dia para 5 pessoas.

A todos os nossos anfitriões, pela oportunidade que nos proporcionaram, pelos momentos vividos, pela partilha, uma só palavra: GRATIDÃO.

Esperamos um dia poder retribuir.

Keep calm and make Couchsurfing