Tasmânia: a natureza intocada
Atravessámos o estreito de Bass numa noite de tempestade. Estas águas tumultuosas já foram outrora comparadas ao triângulo das Bermudas (curiosidades) . A viagem de dez horas no Spirit of Tasmania não foi fácil. Esta embarcação extraordinária é a principal ligação de passageiros e mercadorias entre o continente e esta ilha australiana.

Spirit of Tasmania
Levámos connosco aquela que vai ser a nossa casa durante os próximos dois meses e meio: a Jucy.

Our Jucy
Desembarcámos na pequena cidade de Devonport prontos para explorar. Descobrimos diamantes em bruto perdidos em telas azuis, verdes e laranja. O nosso favorito: a Bay of Fires.
Águas de tons turquesa, cristalinas, com laivos de espuma branca. As areias finas e alvas a desenhar meias luas. Praias ocultas por uma vegetação densa e diversificada que parece protegê-las de qualquer invasor. As formações rochosas muralham as baías e desenham a costa, servindo de casa a estrelas do mar, ouriços, corais e líquenes que cobrem as pedras negras com um manto laranja. Ouvem-se apenas as ondas que desmaiam na areia e o chilrear dos pássaros. E o silêncio. Sentimo-nos como náufragos a caminhar pelo areal…

Bay of Fires
O ponto mais alto da Tasmânia, a Cradle Mountain, é uma das principais atrações. Visitámos num dia chuvoso e cinzento que certamente nos roubou a beleza deste parque nacional. As nuvens escuras cobriam o cume onde ainda se vislumbrava entre a neblina alguma neve. Ainda fizemos um pequeno trilho ao longo do grande lago no sopé da montanha mas o mau tempo forçou-nos à retirada.
Fizemos muitos quilómetros ao longo de toda a ilha. A Primavera tinha já começado a colorir a vegetação. Os arbustos em flor. Os prados mais verdes. Praticamente não havia pessoas. Só vacas e ovelhas. Ovelhas tosquiadas. Inúmeros pontos brancos no meio de um verde imenso a contrastar com o céu. Certamente alguma lei da física explicará este fenómeno, mas a verdade é que no hemisfério sul o céu é de um azul diferente.
Acampámos no Parque Nacional de Freycinet e também no de Mount Field.
Tivemos a sorte de poder observar a vida selvagem autóctone: Diabos da Tasmânia, Echidneas (estes animais vivem na Terra desde o tempo dos dinossauros), Wallabys, Tiger Snakes (uma das 5 cobras mais venenosas da Austrália) e Platypus na natureza.
Para completar a experiência, visitámos o Nature World – Sanctuary for Wildlife onde aprendemos mais sobre estes animais. Aqui foi possível caminhar ao lado de pavões brancos, tocar em Wombats, ver Diabos da Tasmânia, Quolls, Possums e até alimentar cangurus.

Feeding the Kangaroos
A Tasmânia era uma antiga colónia penal. Visitámos as ruínas das minas de carvão para onde eram enviados os piores criminosos e descobrimos a origem do nome dos Diabos da Tasmânia. Diz-se que muitos prisioneiros que conseguiam escapar da prisão e se aventuravam nas densas florestas, quando ouviam os guinchos destes animais ficavam tão assustados que rapidamente se voltavam a entregar.
Esta ilha é um lugar remoto e muito pouco explorado. Aqui a natureza permanece quase intocada, num estado puro. São quilómetros de costa de uma beleza absolutamente inexplicável e que nos faz questionar a transformação operada pelo ser humano no planeta.

Mount Field – Lake view
Observar o por do sol à medida que o navio zarpava proporcionou-nos o melhor cenário de despedida.

Sunset Tasmania
“Look deep into nature, and then you will understand everything better”
Albert Einstein