New York City: programa low-cost na Big Apple

New York City: nenhuma visita aos Estados Unidos fica completa sem sentir a claustrofobia hipnótica de Manhattan.

As classes endinheiradas e coquetes vivem lado a lado com comunidades negras e latinas que se refugiam nas zonas periféricas e comutam diariamente para o centro através da complexa rede de metro.

Foi numa dessas comunidades que nos fixámos: no Bronx. Apesar de usualmente associado a uma zona de criminalidade e violência, ao final de uma semana já nos sentíamos integrados. Na minha opinião, o Bronx “primeiro estranha-se e depois entranha-se”. É sem dúvida uma comunidade fechada em si mesma, predominantemente hispânica (pelo que facilmente comunicávamos em espanhol). Começámos a ter o nosso supermercado habitual, a frequentar o mesmo restaurante e até fomos à lavandaria! Nunca sentimos qualquer espécie de insegurança, contudo as ruas sujas e as habitações degradadas são a imagem deste bairro cuja localização privilegiada possibilita chegar ao centro de Manhattan em menos de 20 minutos.

Não é fácil explorar uma cidade como Nova Iorque “on a budget” pois é tudo caríssimo! Apenas andar é gratuito. 🙂 E foi isso que fizemos. Na verdade, esta é a melhor maneira de ficar a conhecer Manhattan.

Aliado a uma boa preparação física, organizar cada dia é essencial para evitar esbanjar uma fortuna.

Assim, estruturámos os nossos dias tendo em conta os dias gratuitos dos locais que queríamos visitar.

Dia 1 – No primeiro dia visitámos o imponente Empire State Building. A vista do topo é certamente magnífica, mas por 170 dólares (2 adultos e 3 crianças) preferimos continuar a caminhar. Há um sítio em particular que é de entrada obrigatória especialmente para famílias com crianças: o Intrepid. Para que não conhece, este porta-aviões da marinha americana (que celebra este ano o seu 75º aniversário) foi transformado no Museu do Mar, do Ar e do Espaço. A bordo pudemos entrar dentro de um submarino, ver o Shuttle Enterprise e até simular a sua aterragem, sentarmo-nos numa réplica de uma cápsula de acoplagem da Estação Espacial Internacional, colocar as mãos no leme do porta-aviões e descobrir como era a vida a bordo dos mais de 3000 homens que ali serviram. No Intrepid é também possível ver um exemplar do Concorde – o fatídico avião supersónico que fez o seu último voo para esta plataforma. Este incontornável museu não tem nenhum dia grátis, mas fizemos uso do desconto de 20% oferecido a todos os sócios do ACP (AAA nos EUA).

The Intrepid & Us

Corremos de seguida para o local onde dantes se encontravam as duas torres gémeas. Atualmente ergue-se o colossal One World Trade Centre. Mede 1776 feet. Este número não é um acaso, é também o ano da declaração de independência dos EUA. Queríamos ver o 9/11 Memorial Museum que é gratuito às terças-feiras entre as 17:00 e as 20:00. Sabíamos que os escassos bilhetes começavam a ser distribuídos às 16:00 mas como a visita ao Intrepid levou mais tempo que o previsto acabámos por perder esta oportunidade.

One World Trade Centre

One World Trade Centre

Dia 2 – O Zoo do Bronx é simplesmente magnífico e gratuito às quartas-feiras (contudo não dá acesso a todas as experiências – mas não sentimos que perdemos nada –  e pedem uma doação voluntária). Não tem o aspeto artificial e arquitetónico do Zoo de Lisboa. Quase sentimos que estamos imersos no habitat natural dos animais. Praticamente não existem jaulas nem grades. Pudemos observar muitas espécies pela primeira vez num ambiente de grande proximidade. A visita ao Zoo ocupou-nos praticamente todo o dia, mas quisemos ainda aproveitar o final de tarde para explorar o New York Botanical Garden ,que também às terças-feiras abre as suas portas com bilhete de oferta para várias zonas do jardim. As crianças adoraram brincar nos carreiros estreitos por entre a vegetação abundante, fazer construções na areia numa formação de lava vulcânica, pintar com água e aprender factos interessantes sobre as plantas.

Painting with water – NYC Botanical Garden

Dia 3 – O terceiro dia da nossa visita a NYC coincidiu com o oitavo aniversário da Marta. Reservámos este dia para apanhar o ferry de Staten Island. Este passeio de barco completamente gratuito em qualquer dia da semana leva-nos ao encontro da altiva senhora de verde que enche de esperança todos os corações: a Estátua da Liberdade. Não podemos desembarcar na Ellis Island, nem visitar o pedestal da estátua. Para os que já se imaginam a subir à coroa, aviso já que habitualmente é necessário reservar bilhete com cerca de seis meses de antecedência. Ficámos-nos pelo deslumbrante encontro à distância.

Statue of Liberty – view from Staten Island Ferry

Seguimos para Chinatown para almoçar. No meu itinerário tinha previsto para esta tarde uma visita à New York City Public Library que também pode ser visitada gratuitamente, mas as minhas crianças preferiram ir à loja da Disney e da M&M’s. Terminámos o dia em Central Park a relaxar.

Dia 4 – Neste último dia precisámos de toda a manhã para organizar o passo seguinte da nossa viagem pelo que acabámos por não aproveitar da melhor forma, no entanto não dissemos adeus sem ir conhecer belíssima beleza arquitectónica da mítica estação de metro Grand Central Terminal.

Depois vimos uma vez mais os nossos planos serem alterados em virtude do cansaço das crianças (que caminharam estoicamente uma média de 14Km por dia). O fabuloso MOMA – Museu of Modern Art tem entrada livre às sextas-feiras entre as 16:00 e as 18:00. Não consegui arrastá-los para mais este périplo, mas fui brindada com a melhor das surpresas ao atravessar a rua e me deparar com uma exposição de Gustav Klimt na Neue Galerie – Museum for German and Austrian Art . O melhor de tudo: gratuito! Fiquei rendida…

Passámos o resto da tarde a explorar outra parte do Central Park. Nada melhor para despedida da cacofonia urbana de Nova Iorque do que olhar para os arranha-céus imersa na tranquilidade do pulmão da cidade.

Central Park