Tailândia: os sons da selva, o caos das cidades e a utopia das praias

A Tailândia abre-nos as portas para vários mundos. Quando chegámos a este país do sudoeste asiático estávamos cansados e a precisar de repor energias e abrandar o ritmo da viagem.

PHUKET

Escolhemos primeiro o mundo das praias. Phuket é a maior ilha da Tailândia e foi a nossa casa durante um mês.

Phuket beaches – Kata Noi viewpoint

O nosso apartamento ficava num condomínio fechado com uma piscina maravilhosa. A praia de Bang Tao encontrava-se a cerca de um quilómetro; uma distância que, podendo facilmente ser feita a pé, debaixo do calor intenso que se fez sentir durante toda a nossa estadia, transformava a caminhada numa verdadeira prova de esforço.

Em Phuket as crianças puderam matar saudades do irmão mais velho. Que alegria imensa foi o reencontro!

The kids & the big brother

Também uma amiga de longa data tirou uns dias com a família para se juntar a nós. Foram momentos mágicos e inesquecíveis!

Os dias foram passando num ritmo lento e relaxado. Apesar da panóplia de actividades e tours que a região oferece, optámos por aproveitar o aconchego do “lar” e introduzir alguma rotina nos nossos dias de forma a darmos continuidade ao nosso plano de Ensino Doméstico. Durante as manhãs estudávamos com as crianças com o auxílio da plataforma da Escola Virtual e à tarde preguiçávamos na piscina.

A partir de Phuket resolvemos visitar as ilhas Phi Phi. Não fizemos nenhum tour na tentativa de economizar mas acabámos por nos arrepender. A viagem de ferry é longa e o último barco regressa muito cedo pelo que pouco tempo tivemos para explorar a ilha. Foi no entanto suficiente para perceber que este pequeno paraíso de areias brancas e águas de cor hipnótica está completamente comido pelo turismo e que pouco resta da beleza intocada e que outrora existiu. Ao mergulhar naquelas águas somos transportados para um mundo de corais mortos e de óleo flutuante derramado pelas centenas de barcos que transportam os milhares de turistas que alimentam o plástico submerso que ganhou vida.

Phi Phi islands

Um dos pontos altos da nossa estadia em Phuket foi a visita ao Gibbon Rehabilitation Project e a sensibilização das nossas crianças para a necessidade de proteger da vida selvagem. Estes animais são muito especiais e estão a ser levados à extinção devido à exploração turística de que são alvo.

If we can teach people about wildlife, they will be touched. Share my wildlife with me. Because humans want to save things that they love.

Steve Irwin

KHAO SOK

Floresta húmida imensa, penhascos de calcário verdejantes, grutas de estalactites e estalagmites espetaculares e um lago artificial que se estende por 185Km2: Khao Sok é como uma obra de arte cubista, cheia de fragmentos, numa composição única que nos integra e transforma.

Monkey playing at Khao Sok National Park

Aqui pudemos explorar a selva, brincar com os macacos e percorrer o rio numa jangada de bambu. Ficámos sem respirar quando os majestosos elefantes se atravessaram no nosso caminho e nos convidaram para tomar banho. Estar ao pé deste grandioso mamífero, encostar o rosto e sentir a sua pele áspera e rugosa, e ver o nosso reflexo nos seus olhos doces é tão especial que faltam palavras para descrever.

Bathing with the elephants

Dormir em casas flutuantes e acordar no meio do lago com o sol a espreitar entre a neblina que beija as águas. O kayak que nos leva pelo silêncio que ecoa na madrugada. Grutas que nos obrigam a ficar completamente submersos para as podermos visitar. Surreal.

Floating houses – Khao Sok lake
Kayaking in the mist of dawn
Family picture at Khao Sok lake

On Earth there is no Heaven, but there are pieces of it.

BANGKOK

O caos urbano de Bangkok compõe-se numa tela de contrastes onde arranha-céus fazem sombra às barracas de madeira e telhas metálicas. O rio Chao Phraya serpenteia banhando o luxo e a opulência com os esgotos da pobreza e da decadência.

É uma cidade imensa, de um impacto visual extraordinário. O Grand Palace que invoca uma mistura de diferentes tipos de tendências arquitectónicas (Sri Lanka, Cambodja e Tailândia) num complexo de edifícios imponentes. O detalhe brilhante de Wat Arun que ilumina o céu com o seu reflexo de luz nas águas do rio. O gigante Buda reclinado de Wat Pho com os seus pés auspiciosos em madre-pérola.

Depois de mais um reencontro, desta vez com uma amiga suíça que aqui se encontrava de férias, foi na Sala Chalermkrung do Royal Theatre of Bangkok onde assistimos ao Hanuman Show que conhecemos um casal português com quem tivemos o privilégio de explorar um pouco mais de Bangkok.

Juntos visitámos o Maeklong Railway Market, o famoso mercado que se encontra em cima de uma ferrovia e que se recolhe a cada passagem do comboio, e o mercado flutuante de Damnoen Saduak onde fizemos compras a partir do barco enquanto navegávamos pelos canais. A antiga capital da Tailândia, Ayuttaha, considerada agora património da humanidade pela UNESCO levou-nos à descoberta da história deste país. As crianças ficaram impressionadas com a história do ataque que levou à queda da cidade e a decapitação das estátuas dos Budas.

Mae Klong Railway Market
Decapitated Buda Head embraced by tree roots – Ayuttaha

A people without the knowledge of their past, origin and future is like a tree with no roots.

CHIANG MAI

Com uma atmosfera bastante diferente de Bangkok ou de Phuket, Chiang Mai é uma cidade cosmopolita com uma vibração histórica.

Nos arredores e Chiang Mai é possível visitar algumas Hill Tribes como os Akha, os Lahu ou os Karen (Long Neck). Existe um intenso debate ético associado à exploração destas tribos para efeitos turísticos. Queríamos mostrar aos nossos filhos a diversidade cultural e o impacto das tradições (como os colares no pescoço usados pelas mulheres e meninas Karen), mas por outro lado estávamos relutantes. Acabámos por encontrar o projeto da Union of the Hill Tribes que nos deu algumas garantias de que o dinheiro cobrado seria usado para melhorar as condições das aldeias e dos seus habitantes.

Karen children

A norte da cidade fica o famoso Triângulo de Ouro, as zonas ribeirinhas onde se cruzam as fronteiras de Myanmar, Tailândia e Laos, aquela que já foi uma das maiores áreas produtoras do ouro negro: o Ópio. O Museu do Ópio oferece uma experiência imersiva ao longo da história do ópio e da dicotomia entre o bom e o mau uso desta substância.

Aprender a fazer papel a partir de cocó de elefante foi a experiência que mais marcou os nossos pequenos. Do Poo Poo Paper trouxemos um caderno personalizado decorado por cada um deles.

The kids and their notebooks – Elephant Poo Poo Paper

The creative adult is the child who has survived.

CHIANG RAI

Para nós Chiang Rai ficou marcada pelos seus templos.

Visitar Wat Rong Khun (White Temple) leva-nos uma viagem dantesca, simultaneamente tenebrosa e de uma beleza ímpar.

Purgatory – White Temple

Ficámos também muito impressionados com o Wat Rong Sua Ten (Blue Temple) que, sendo uma construção recente e não tendo ainda a visibilidade do templo branco, está a ganhar terreno e a deslumbrar quem o visita.

A Baan Dam (Black House) é uma criação de um artista tailandês. No mesmo local reúne a sua casa, o seu estúdio de design eclético e um museu que engloba a sua coleção de ossos, peles de animais e chifres.

Swinging at the Baan Dam

Art washes away from the soul the dust of everyday life

Pablo Picasso


PAI

Não podíamos deixar de referir a nossa passagem por esta pequena vila do norte da Tailândia junto à fronteira com Myanmar. Aqui descobrimos uma Tailândia mais rural que só agora começa a descobrir o turismo. As ruas à noite enchiam-se de bancas de comida. Por todo o lado música e animação. Respirava-se uma liberdade boémica encantadora.

Relaxing at our Homestay in Pai

A Tailândia não é só um país na nossa lista. Os dois meses que aqui vivemos foram muito intensos. Aprendemos um pouco da língua, dos costumes. Sofremos com o calor intenso. Deliciámos-nos com a comida e os batidos de fruta. Experientámos as tradicionais massagens. Crescemos na simplicidade e alegria de um povo que é feliz e abraça a vida com um sorriso.

A smile is the universal welcome.

Até já Tailândia.