
Aotearoa é o nome Maori para Nova Zelândia. Quando os primeiros povos polinésios abandonaram as suas ilhas sobrepopuladas em busca de novos mundos, terão avistado a costa da ilha norte. À distância as nuvens pareciam envolver a terra. Diz a lenda que o chefe da embarcação acreditou ter chegado ao local onde o céu se unia à terra e assim batizou este lugar como Aotearoa – “longa nuvem branca”. O povo Maori encontrou assim a sua nova casa.
Desde o momento em que o nosso avião começou a sobrevoar a Nova Zelândia já os nossos olhos incrédulos se rendiam à sua beleza.
Ilha Sul
O nosso itinerário programado era exigente e compreendia muitos quilómetros de estrada. Aterrámos em Christchurch e aproveitámos o único dia que tínhamos para conhecer esta cidade que em 2011 foi devastada por um terramoto violentíssimo que ceifou 185 vidas (185 White Empty Chairs Memorial).
Christchurch tem um fantástico jardim botânico e ainda uma curiosa catedral feita de cartão. Um edifício supostamente temporário que acabou por se tornar num ícone da cidade.
Tínhamos já lido sobre as magníficas águas turquesas do lago Tekapo e Pukaki, mas nenhuma foto ou descrição nos prepara para aquela visão. É simplesmente inacreditável.

Seguimos caminho sempre com o Monte Cook (ou Aoraki em Maori) no horizonte. Aquele pico de neve dominante que nos inunda de serenidade. Após uma exigente caminhada pudemos vislumbrar o glaciar Abel Tasman – o maior da Nova Zelândia. Contudo, se tivesse de eleger a melhor vista para o Monte Cook, seria sem dúvida a oferecida a partir do lago Matheson.


A cidade de Queenstown foi a paragem seguinte. A subida ao topo dos Remarkables para uma visão 360º da cidade e os 23Km de estrada que ligam esta cidade a Glenorchy, envolvidos numa paisagem idílica que nunca cansa de nos surpreender foram os pontos altos.

Como um glaciar não é suficiente, não quisemos deixar de visitar os famosos Fox e Franz-Josef. Foram caminhadas extenuantes até chegarmos à face visível, mas completámos orgulhosamente os dois percursos . Foi devastador observar o impacto das alterações climáticas no retrocesso dos glaciares.

Antes de partirmos para a ilha Norte, visitámos lugares mágicos de cortar a respiração, como as águas sagradas de Te Waikoropupu (onde qualquer contacto é proibido) que são tão límpidas que é possível ver debaixo de água até cerca de 63 metros de profundidade! E as pequenas lagoas esmeralda de Riwaka Resurgence, onde as águas geladas parecem hipnotizar-nos num desejo cego de mergulhar.

Mas a magia estava apenas a começar.
A travessia de barco entre Picton e Wellington oferece vistas simplesmente magníficas. Os recortes da terra inundados de verde e refletidos num imenso espelho azul. Alguns pinguins vieram dizer-nos adeus.
Ilha Norte
Wellington não é uma capital habitual. A cidade encolhe-se dentro do relevo montanhoso e das baías. As estradas são estreitas e o ritmo é lento. O Aqui nasceu um dos maiores parceiros da indústria cinematográfica de Hollywood: a Weta Cave. Não fizemos o tour devido ao custo mas visitámos a loja e assistimos gratuitamente ao video que nos leva numa viagem pelos meandros da criação de adereços, caracterização de personagens e efeitos especiais.
O museu Te Papa foi visita obrigatória. Adorámos a exposição temporária Gallipoli: the scale of our war que conta precisamente com trabalhos dos estúdios da Weta.

A paragem seguinte foi Napier. Esta cidade foi reconstruída das cinzas do terramoto de 1931 num estilo de art déco. Ao explorarmos as ruas da cidade fomos levados numa viagem no tempo.
A caminho de Rotorua parámos em Kerosene Creek, onde riachos de água quente jorram em cascata por entre a vegetação fresca.
Rotorua fez-nos recordar de Yellowstone: os lagos de enxofre, as fumarolas dos géiseres, a lama borbulhante… Rotorua levou-nos também à descoberta da cultura Maori. Aqui visitámos uma aldeia típica – a Tamaki Maori Village. Foi memorável!

Tirámos um dia para ir até Matamata, o local onde Peter Jackson encontrou o cenário ideal para criar a aldeia dos hobbits (em parceria com os estúdios da Weta) para a trilogia do Senhor dos Anéis. Caminhar em Hobbiton é algo de muito especial e inesquecível.

Os Glow worms são uma das grandes atrações da Nova Zelândia. Estes bichinhos transportam-nos para outra dimensão. O famoso tour das caves de Waitomo não era compatível com o nosso orçamento pelo que encontrámos uma alternativa gratuita: as caves de Waipu. Os miúdos adoraram a aventura de exploração da gruta escura, por trilhos lamacentos e riachos que nos deixaram com os pés ensopados, estalactites e estalagmites com formas estranhas, até chegarmos à arcada principal onde um lago se estendia aos nossos pés e o teto se cobria de milhares de pontinhos luminosos. Por momentos, sentimos-nos no espaço a olhar para uma galáxia distante.

Viajámos depois para Auckland para embarcar no voo de despedida deste país que nos roubou um pedaço do coração. Regressaremos novamente um dia para o resgatar.