Passaram-se mais de dois meses desde que iniciámos o nosso périplo pela Austrália. Imaginámos que seria tempo suficiente para ficar a conhecer uma boa parte deste vasto território, mas rapidamente a realidade das distâncias nos travou os planos. Tínhamos o sonho de caminhar nas terras vermelhas do Uluru e de mergulhar na Grande Barreira de Corais, mas mesmo depois de fazermos mais de 6000Km, não passámos além de Manning Valley. Queremos contudo partilhar algumas das experiências que tivemos “na ponta deste iceberg”.
Great Ocean Road
Ao longo de 240Km entre Torquay e Warrnambool, serpenteado as encostas, estende-se uma das mais belas estradas da Austrália: a Great Ocean Road. As vistas são de cortar a respiração. O mar trabalha incessantemente, esculpindo formas singulares onde o olhar humano vê padrões e significado. Os “Doze Apóstolos” são uma das paisagens mais fotografadas da Austrália.

Esta zona é também conhecida pelas suas florestas húmidas (rainforest) onde pudemos realizar caminhadas numa atmosfera mágica por trilhos desafiantes que nos conduziram a quedas de água magníficas.
Phillip Island
Esta ilha perto de Melbourne oferece experiências inigualáveis. Aqui podemos ver baleias, focas e a mais pequena espécie de pinguins do mundo.
Apesar do nosso orçamento não possibilitar grandes extravagâncias, tendo em conta a oportunidade de conhecer mais de perto estes animais tão únicos, resolvemos assistir à famosa Penguin Parade. Não estavam autorizadas fotos ou video pelo que fica apenas o registo na nossa memória. Ao por-do-sol, protegidos pelo lusco-fusco, milhares de pequenos pinguins saiem do mar de regresso a casa após um longo dia de pescaria. São extremamente cautelosos. Caminham cuidadosamente pelo areal, espreitam (garantindo que não há predadores por perto) e por várias vezes assistimos a uma correria de regresso ao mar para nova tentativa. É um espetáculo magnífico oferecido pela natureza.

The Nobbies: um passeio pela costa oeste da ilha que nos presenteia com mais um cenário fabuloso. Para além da vista deslumbrante, podemos cruzar-nos com a fauna local, nomeadamente alguns dos pequenos pinguins que, para nossa sorte, nesta altura do ano, se mantinham no ninho a aconchegar os ovos.
Shoal Bay
A nossa casa na Austrália: a Jucy, garantiu-nos alojamento económico em vários parques de campismo, nomeadamente da rede Big4 da qual nos fizemos sócios. Contudo, para celebrar o Natal decidimos que queríamos um pouco mais de comodidade; mas estava tudo esgotado ou a preços proibitivos! Graças a uma referência, acabámos por encontrar uma “cottage” em Shoal Bay onde pudemos até fazer a árvore de Natal e confeccionar alguma doçaria típica para a ceia. Porque estes momentos são melhores quando partilhados, na ausência dos nossos entes queridos, convidámos a juntar-se a nós uma família alemã que se encontrava de férias na Austrália.
Shoal Bay faz parte de um conjunto de baías na região de Port Stephens que formam uma espécie de península que compreende ainda Salamander Bay, Nelson Bay, Anna Bay e Fingal Bay. A partir do topo de Tomaree Head é possível vislumbrar todas estas reentrâncias de água, num quadro de azuis e verdes infinitos.

Sydney
Sydney fez-nos recordar da nossa passagem por Toronto e São Francisco. É uma cidade dinâmica e acolhedora. No entanto, através de um único edifício, esta cidade eleva-se numa singularidade arquitectónica que a redefine. Atravessámos a pé a Harbour Bridge, em passo lento, contemplando a luz do sol refletida no edifício da Ópera, iluminando a baía, o cais, os navios e tudo o mais em seu redor.

Fizemos o passeio obrigatório de ferry até às praias de Manly e de Bondi. O trilho a pé pela costa entre Bondi e Bronte a vislumbrar o Pacífico é absolutamente magnífico!
Apesar da tempestade que antecedeu, a passagem de ano a assistir ao espetáculo de luz e fogo na Harbour Bridge foi o ponto alto da nossa visita à Austrália.
Sentimos que ficou muito por explorar deste país imenso, de gente que anseia encontrar as suas origens, onde a história se perdeu, e se revive na herança aborígene.